Ademir Damião Amorim dos Santos (*)
Ao falarmos em meio ambiente, cabe uma pergunta que precisa ser refletida por todos nós: Que mundo nós queremos deixar para nossas futuras gerações?
Até o presente momento, observa-se que vem sendo mantida uma relação de degradação com o meio ambiente, baseada na exploração irracional dos recursos naturais para produção de bens, que buscam satisfazer uma camada privilegiada de pessoas, dentro da lógica da sociedade capitalista e, atualmente, o processo da globalização da economia, onde as grandes empresas mundiais se expandem por todo planeta sempre com o objetivo de obter maiores lucros em suas atividades, sem nenhum compromisso sócio-ambiental.
Neste contexto, durante décadas, verificamos ações como desmatamento, queimadas, o uso de agrotóxicos na agricultura, a poluição e aterros de rios e outros cursos de água, a geração de grande quantidade de lixo, a ocupação irregular de áreas de manguezais, tudo em nome do desenvolvimento da humanidade, sem a mínima preocupação com a preservação do meio ambiente.
A degradação ambiental ocasiona o aceleramento das desigualdades entre os seres humanos, elevando o nível de pobreza da camada de excluídos social e economicamente, que sofrem os maiores efeitos das ações humanas sobre o meio ambiente, onde muitas pessoas vivem em áreas de risco de vida, sem nenhuma infra-estrutura e não conseguem nem a garantia da alimentação diária da família, fato verificado em todas regiões do mundo.
Do ponto de vista global, verificamos que a degradação ambiental vem acelerando o processo das mudanças climáticas, levando a riscos de catástrofes em todo planeta, incluindo o Brasil, onde a situação só podendo começar ser revertida com um novo relacionamento dos seres humanos com a natureza, garantindo a preservação dos recursos naturais.
Ressaltamos que ao falarmos em preservação, não estamos defende que os recursos naturais não sejam utilizados pelas pessoas, mas que seu uso seja de forma sustentável, considerando que os seres humanos devem se sentir como parte da natureza, e os bens por ventura gerados sejam aproveitados por toda coletividade e não só de uma parte de seres humanos.
O uso racional dos recursos naturais possibilitará a existência das futuras gerações humanas, garantindo, portanto, que a sobrevivência da raça dos seres humanos, além de diminuir as desigualdades sociais e econômicas, bem como proporcionando uma boa qualidade de vida para todos.
Neste contexto, voltando a pergunta inicial deste artigo, devemos cada um de nós, fazer uma segunda pergunta: E qual é meu compromisso em com tudo isto?
Compreendo que cada um de nós tem uma função importante em tudo visto acima, pois se mudarmos hábitos e costumes pessoais, como a diminuição do consumo excessivo, além de, sempre que possível, só realizar aquisição de produtos daquelas empresas que respeitem o meio ambiente, estaremos contribuindo para que os recursos naturais sejam preservados e utilizados de forma racional.
Devemos, ainda, ampliar o debate sobre as questões ambientais em nossos espaços de convivência, seja a família, igreja, escola, trabalho, associação de moradores, sindicato, entre outros, sempre buscando que as pessoas respeitem e preservem os recursos naturais ainda existentes entre nós.
Cada um de nós pode, também, contribuir para diminuir as desigualdades entre as pessoas de nosso bairro e cidade, com ações como a valorização do trabalho dos catadores e das catadoras de materiais recicláveis, realizando a separação dos resíduos gerados em nossas residências e só doando para os mesmos e as mesmas aquilo que realmente possa ser reaproveitados, valorizando seu papel na sociedade, como agentes da preservação ambiental, já que contribuem na diminuição dos resíduos que necessitam ser depositados em aterros, devendo serem considerados como cidadãos e cidadãs iguais a todos outros seres humanos e não como pessoas de segunda ou terceira classe.
Com ações como estas, estaremos contribuindo na prática com a preservação do meio ambiente e com a melhoria da qualidade de vida para os seres humanos da atual e das futuras gerações.
(*) Engenheiro, Mestre em Gestão e Políticas Ambientais pela UFPE e ex - Presidente da Associação Comunitária dos Moradores da Ilha do Chié.
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