sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

As Pás de Campo Grande


Clube carnavalesco é o mais antigo do Estado.

Por Adriana Dutra


Quem diria que um grupo de carvoeiros carregados com uma pá nas mãos pudesse repercutir tanto no Recife desde 1888. Sendo criado um dos clubes mais expressivos da cidade, “O Clube das Pás”? Em 1887 um navio inglês estava ancorado no Recife, para ser abastecido de carvão.
Como era época de carnaval e estava próximo da libertação dos escravos, os donos do navio tinham dificuldades de conseguir trabalhadores. Do outro lado acontecia uma greve no porto da cidade do Recife, onde todos que trabalhavam, aderiram à paralisação de suas atividades.
O navio inglês, não poderia passar 12 horas sem abastecimento para voltar à cidade de origem. Em meio à luta, os proprietários do barco conseguiram um grupo de carvoeiros, e estes abasteceram o navio que logo depois zarpou.
Após o serviço, receberam uma quantia “gorda” pelo trabalho, e sem perder a alegria da festa, seguiram eufóricos para a rua onde era a sede do Clube Caiadores, para brincar o carnaval.
Com os bolsos cheios de dinheiro os carnavalescos autênticos, resolveram criar com o apoio dos sócios dos caiadores, um bloco.
Em homenagem à profissão, em 19 de março de 1888, nasce o Clube das Pás de Carvão. Movidos pela alegria da festa, eles não sabiam que o bloco começava a criar espaço e ser mais um a sair nas ruas do Recife.
Depois de dois anos, o Clube das Pás de Carvão ganhou novos adeptos, saindo então pela primeira vez como bloco em 1890 e a cada ano ganhava novos sócios que se alegravam pelo desfile.
Em assembléia realizada no clube, no mesmo dia da sua primeira saída pela cidade do Recife, os componentes que o fundaram o Bloco ainda carvoeiros: Manoel Ricardo Borges, Francisco Ricardo Borges, João da Cruz Ferreira e João dos Santos resolveram mudar a nomenclatura do bloco passando assim para Clube Carnavalesco Misto das Pás Douradas, que é conhecido até hoje em todo o Estado.
A conquista em se tornar o mais antigo, deve-se aos trabalhadores e pessoas humildes que vendiam suas forças para sobreviver e que freqüentavam o clube na época em que não desistiram.
Em uma sessão solene em 19 de março de 1916 foi proclamado o dia de São José, o santo que ainda hoje é o padroeiro do clube.
O fato histórico e que não pode ser esquecido é que o bloco passou do porto do Recife para um local alugado no bairro da Boa Vista. Os seus presidentes começaram a perceber que o bloco crescia a cada carnaval e que era necessário ter seu espaço próprio.
Foi quando a senhora Maria do Carmo Gadelha Ferraz, comprou um terreno em 1938 no bairro de Campo Grande, numa escritura feita em 30 de agosto de 1949 por seis mil cruzeiros. O terreno com 22,50m de largura por 52 metros de comprimento e em formato de palhoça, elevou ao topo das agremiações do Recife o Clube Carnavalesco.
Quem hoje visita o clube observa uma grande galeria de quadros com as fotos dos seus fundadores inclusive senhora Maria do Carmo, percebendo que a luta deles por tudo não foi em vão.
Na década de 60 a direção do clube passa para o Sr. Josabat Emiliano da Silva que administrou o local por 44 anos. “Isto é um exemplo de amor pelo clube”. Afirma Marly Ribeiro que também trabalha no clube há 30 anos na área social e que tem uma admiração quando o assunto é falar da história do clube. Com as idas e vindas dos presidentes das “Pás”, o local como qualquer estabelecimento público tem suas mudanças. O clube hoje passa a ser conhecido pelas músicas boêmias, resgatando várias décadas.

2 comentários:

Toni disse...

belo, Adriana. Você está resgastando mesmo a história do bairro.
Achei que você fez a matéria um pouco apressada, mas mesmo assim com boas informações e merece como sempre os parabéns.
Beijinhos dourados.

Jornal Campo Grande em Foco disse...

Obrigada mais uma vez Antônio. Divulgue este trabalho, pois muita coisa ainda vem por aí.