quinta-feira, 6 de novembro de 2008

CAMPO GRANDE É UM BAIRRO DE VALORES INCOMPARÁVEIS


O nome faz parte da história dos moradores.


Por Adriana Dutra


Zona Norte da capital Pernambucana, é aqui que está o bairro residencial de Campo Grande, também caracterizado pelo forte comércio e muitas histórias para contar. De acordo com o livro “Velhas Igrejas e Subúrbios Históricos”, de Flávio Guerra, o bairro não tem uma historiografia própria com acontecimentos históricos, pois é um dos mais novos subúrbios em sua efetiva projeção na área metropolitana do Recife.
Flávio Guerra afirma em seu livro, que o surgimento do nome Campo Grande veio muito antes da ocupação de seus moradores; pelo campo plano, extenso e sem nenhuma edificação, “determinado como uma área marginal imprensada entre Recife e Olinda”. Em uma planta de 1906 da cidade do Recife, feita pelo cartógrafo Douglas Fox, já é visível a existência do bairro sem ocupações.
Uma outra planta do ano de 1920, feita por Sebastião de Vasconcellos Galvão, também mostra o local com um pequeno número de residências e com apenas nove ruas: Estrada de Belém (que ainda existe e é a principal), Rua Frederico, Rua Miranda Cario, Rua Coragem, Rua Julieta, Rua Marietta, Rua do Gallo, Rua Groselha e Rua Larga. Ainda hoje, são encontradas ruas largas, silenciosas e casas com grandes terrenos.
A história do bairro começa a partir do século XVIII, onde morava a senhora Josefa Francisca da Fonseca e Silva que era proprietária de seis grandes sítios no bairro; conhecidos na época como: Olinda Pereira, Doutor Castro, Costa Soares, Capitão Félix Paiva, Principal e Campelo. Além dos sítios de Dona Josefa, existiam também outras casas próximas de seus sítios e mangues, que se estendiam até Santo Amaro. Em 16 de setembro de 1806, esses sítios foram doados para religiosos do Recolhimento da Nossa senhora da Glória.

Referência mais antiga do que a senhora Josefa, foi de um cronista holandês que escreveu no ano de 1645. O bairro de Salgadinho, em Olinda, tinha fama pelas festas realizadas por Maurício de Nassau, (conde holandês que esteve em Pernambuco entre 1637 a 1644*). As festas realizadas na época, eram conhecidas como cavalhadas e partiam de Salgadinho até o bairro da Soledade, no Recife. Durante o trajeto dos cavalos pelas localidades, existia um espaço que causava uma admiração pela beleza de um campo plano, vasto e sem árvores.
Por conta dos cavalos que circulavam, o local ficou conhecido em 1887, como Hipódromo de Campo Grande e, mais tarde, viria a se transformar em dois bairros: Hipódromo e Campo Grande.

A ocupação do bairro Campo Grande se deu a partir das proximidades da Igreja Nossa Senhora da Conceição de Belém, localizada na Estrada de Belém, próxima ao Largo da Encruzilhada; onde pessoas também de outros bairros se locomoviam para assistirem à Missa dos Domingos. A igreja foi fundada em 25 de fevereiro de 1911 e teve o seu primeiro pároco Ricardo Borges de Castro Vilaça.
A estrada de ferro existiu até o ano de 1915, quando foi substituída por bondes elétricos que funcionaram até o ano de 1954. Esses bondes eram fornecidos pela empresa inglesa THE PERNAMBUCO TRAMWAYS E POWER COMPANY LIMITED.
Localizado geograficamente entre a divisa dos municípios do Recife e Olinda o bairro de Campo Grande limita-se: ao Norte, nos bairros de Peixinhos (Olinda), Campina do Barreto e Arruda (Recife); ao Sul, Torreão (Recife); ao Leste, Municípios de Olinda; e ao Oeste, outros bairros como Ponto de Parada, Hipódromo e Encruzilhada. Segundo a Prefeitura do Recife, o bairro enaltece a capital Pernambucana também pelas ruas amplas e algumas moradias com estrutura singular.

O desenvolvimento do bairro surge em 1937, quando Agamenon Magalhães era o governador do Estado; e em sua gestão, investiu no primeiro conjunto habitacional, construído para servidores públicos estaduais e depois um projeto de urbanização. Até a década de 40, Campo Grande tinha somente dez ruas estreitas, sem qualquer prédio residencial, e uma estrada de ferro, que saía do Largo da Encruzilhada e seguia até Salgadinho (Olinda), como anteriormente foi falado.
Hoje, mesmo com o aumento da população (31.241 habitantes segundo dados do IBGE em 2000), Campo Grande ainda possui um número pequeno de prédios residenciais; com cerca de cem arranha-céus, pois boa parte ainda dos terrenos são ocupados por casas e pequenos comércios.
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Cavalhadas – Porção de Cavalos, diversão popular com uma espécie de justa ou torneio. (Aurélio)
* 1644 – Ano em que o conde Maurício de Nassau retorna à Europa.


Fontes consultadas:
Cavalcanti, Carlos Bezerra. O Recife e seus Bairros. Recife: Câmara Municipal do Recife, 1998.
COSTA, Francisco A. Pereira da. Anais pernambucanos 1795-1817. Recife: Fundarpe, Diretoria de Assuntos Culturais, 1984. v. 4; 5; 7.
CAVALCANTI, Carlos Bezerra. O Recife e seus bairros. Recife: CEPE, 1998.
GUERRA, Flávio. Velhas igrejas e subúrbios históricos. 2. ed. rev. aum. Recife: Fundação Guararapes, 1970. 227 a 230.
Costa, Francisco A. Pereira da. Recife e seus Arredores.
Cavalcanti, Bezerra Vanildo. Recife do Corpo Santo
Museu do Recife, Forte São Tiago das cinco pontas;
Arquivo Público do Estado;

Chega ao bairro o jornal “Campo Grande em foco”


Por Adriana Dutra


O Jornal Campo Grande em Foco é o mais recente veículo de comunicação comunitária e participativa que pretende abranger Campo Grande e adjacências. Há algum tempo este projeto foi idealizado, até chegar nesta primeira edição. As informações que futuramente seriam notícias, já estavam entre os moradores entrevistados, que perguntavam quando seria publicado o primeiro jornal que retrata a comunidade.
O jornal é produzido mensalmente e distribuído gratuitamente, com informações voltadas para a comunidade, objetivando ajudar a todos que desejam conhecer ainda mais sobre o seu bairro. Um formato diferente, que serve para noticiar fatos de relevância para a comunidade e mostrar aos bairros vizinhos de Campo Grande, a sua história.
Quem chega ao bairro, encontra uma variedade de comércio como: supermercados, farmácias, locadoras, lojas de conveniências, academias, salões de beleza, escolas, restaurantes, loja de colchões, padarias, armazéns e lojas de frutas e verduras.
Isto prova que a ocupação e o desenvolvimento do bairro, ao longo dos seus noventa e sete anos, fizeram com que ele fosse uma referência para a sua população, como se estivesse no centro do Recife.


3 comentários:

Ana disse...

Olá Adriana,
Parabéns pelo trabalho!

Ana Borborema

Anônimo disse...

Estou encantado com tanta história a resoeito do nosso bairro, e com tanto profissionalismo usa na escrita e manutenção deste trabalho. Realmente nosso bairro tem valores incomparáveis, ainda mais agora com esta especulação imobiliaria aportando por cá.
"PARABÉNS"!!!

Unknown disse...

Boa tarde,
Para complementar a história sobre a questão do hipódromo, que veio do bairro de Campo Grande, só não sei, a data exata de início deste hipódromo, que foi mandado construir pela família Lundgren e nem de seu funcionamento, se puder postar maiores informações sobre este assunto, agradeço. Parabéns pelo trabalho.
Hipódromo é um bairro da cidade do Recife, Pernambuco. Pertence à Região Político-Administrativa 2 (RPA 2) - Norte. É um bairro predominantemente habitacional. Sua população estimada em 2000 era de 2.627 habitantes. Possui área de 32,5 hectares.

O local fazia parte de Campo Grande e seu núcleo habitacional cresceu em torno de um hipódromo mandado construir pela família Lundgren, no final do século XIX. Não existe mais nenhum vestígio das instalações do hipódromo, que funcionou até 1898. Em seu local foi construído um conjunto habitacional para os servidores do Ipsep.
Artigo da Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hipódromo_(bairro_do_Recife)