O nome faz parte da história dos moradores.
Por Adriana Dutra
Zona Norte da capital Pernambucana, é aqui que está o bairro residencial de Campo Grande, também caracterizado pelo forte comércio e muitas histórias para contar. De acordo com o livro “Velhas Igrejas e Subúrbios Históricos”, de Flávio Guerra, o bairro não tem uma historiografia própria com acontecimentos históricos, pois é um dos mais novos subúrbios em sua efetiva projeção na área metropolitana do Recife.
Flávio Guerra afirma em seu livro, que o surgimento do nome Campo Grande veio muito antes da ocupação de seus moradores; pelo campo plano, extenso e sem nenhuma edificação, “determinado como uma área marginal imprensada entre Recife e Olinda”. Em uma planta de 1906 da cidade do Recife, feita pelo cartógrafo Douglas Fox, já é visível a existência do bairro sem ocupações.
Uma outra planta do ano de 1920, feita por Sebastião de Vasconcellos Galvão, também mostra o local com um pequeno número de residências e com apenas nove ruas: Estrada de Belém (que ainda existe e é a principal), Rua Frederico, Rua Miranda Cario, Rua Coragem, Rua Julieta, Rua Marietta, Rua do Gallo, Rua Groselha e Rua Larga. Ainda hoje, são encontradas ruas largas, silenciosas e casas com grandes terrenos.
A história do bairro começa a partir do século XVIII, onde morava a senhora Josefa Francisca da Fonseca e Silva que era proprietária de seis grandes sítios no bairro; conhecidos na época como: Olinda Pereira, Doutor Castro, Costa Soares, Capitão Félix Paiva, Principal e Campelo. Além dos sítios de Dona Josefa, existiam também outras casas próximas de seus sítios e mangues, que se estendiam até Santo Amaro. Em 16 de setembro de 1806, esses sítios foram doados para religiosos do Recolhimento da Nossa senhora da Glória.
Referência mais antiga do que a senhora Josefa, foi de um cronista holandês que escreveu no ano de 1645. O bairro de Salgadinho, em Olinda, tinha fama pelas festas realizadas por Maurício de Nassau, (conde holandês que esteve em Pernambuco entre 1637 a 1644*). As festas realizadas na época, eram conhecidas como cavalhadas e partiam de Salgadinho até o bairro da Soledade, no Recife. Durante o trajeto dos cavalos pelas localidades, existia um espaço que causava uma admiração pela beleza de um campo plano, vasto e sem árvores.
Por conta dos cavalos que circulavam, o local ficou conhecido em 1887, como Hipódromo de Campo Grande e, mais tarde, viria a se transformar em dois bairros: Hipódromo e Campo Grande.
A ocupação do bairro Campo Grande se deu a partir das proximidades da Igreja Nossa Senhora da Conceição de Belém, localizada na Estrada de Belém, próxima ao Largo da Encruzilhada; onde pessoas também de outros bairros se locomoviam para assistirem à Missa dos Domingos. A igreja foi fundada em 25 de fevereiro de 1911 e teve o seu primeiro pároco Ricardo Borges de Castro Vilaça.
A estrada de ferro existiu até o ano de 1915, quando foi substituída por bondes elétricos que funcionaram até o ano de 1954. Esses bondes eram fornecidos pela empresa inglesa THE PERNAMBUCO TRAMWAYS E POWER COMPANY LIMITED.
Localizado geograficamente entre a divisa dos municípios do Recife e Olinda o bairro de Campo Grande limita-se: ao Norte, nos bairros de Peixinhos (Olinda), Campina do Barreto e Arruda (Recife); ao Sul, Torreão (Recife); ao Leste, Municípios de Olinda; e ao Oeste, outros bairros como Ponto de Parada, Hipódromo e Encruzilhada. Segundo a Prefeitura do Recife, o bairro enaltece a capital Pernambucana também pelas ruas amplas e algumas moradias com estrutura singular.
O desenvolvimento do bairro surge em 1937, quando Agamenon Magalhães era o governador do Estado; e em sua gestão, investiu no primeiro conjunto habitacional, construído para servidores públicos estaduais e depois um projeto de urbanização. Até a década de 40, Campo Grande tinha somente dez ruas estreitas, sem qualquer prédio residencial, e uma estrada de ferro, que saía do Largo da Encruzilhada e seguia até Salgadinho (Olinda), como anteriormente foi falado.
Hoje, mesmo com o aumento da população (31.241 habitantes segundo dados do IBGE em 2000), Campo Grande ainda possui um número pequeno de prédios residenciais; com cerca de cem arranha-céus, pois boa parte ainda dos terrenos são ocupados por casas e pequenos comércios.
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Cavalhadas – Porção de Cavalos, diversão popular com uma espécie de justa ou torneio. (Aurélio)
* 1644 – Ano em que o conde Maurício de Nassau retorna à Europa.
Fontes consultadas:
Cavalcanti, Carlos Bezerra. O Recife e seus Bairros. Recife: Câmara Municipal do Recife, 1998.
COSTA, Francisco A. Pereira da. Anais pernambucanos 1795-1817. Recife: Fundarpe, Diretoria de Assuntos Culturais, 1984. v. 4; 5; 7.
CAVALCANTI, Carlos Bezerra. O Recife e seus bairros. Recife: CEPE, 1998.
GUERRA, Flávio. Velhas igrejas e subúrbios históricos. 2. ed. rev. aum. Recife: Fundação Guararapes, 1970. 227 a 230.
Costa, Francisco A. Pereira da. Recife e seus Arredores.
Cavalcanti, Bezerra Vanildo. Recife do Corpo Santo
Museu do Recife, Forte São Tiago das cinco pontas;
Arquivo Público do Estado;
Chega ao bairro o jornal “Campo Grande em foco”
Por Adriana Dutra
O Jornal Campo Grande em Foco é o mais recente veículo de comunicação comunitária e participativa que pretende abranger Campo Grande e adjacências. Há algum tempo este projeto foi idealizado, até chegar nesta primeira edição. As informações que futuramente seriam notícias, já estavam entre os moradores entrevistados, que perguntavam quando seria publicado o primeiro jornal que retrata a comunidade.
O jornal é produzido mensalmente e distribuído gratuitamente, com informações voltadas para a comunidade, objetivando ajudar a todos que desejam conhecer ainda mais sobre o seu bairro. Um formato diferente, que serve para noticiar fatos de relevância para a comunidade e mostrar aos bairros vizinhos de Campo Grande, a sua história.
Quem chega ao bairro, encontra uma variedade de comércio como: supermercados, farmácias, locadoras, lojas de conveniências, academias, salões de beleza, escolas, restaurantes, loja de colchões, padarias, armazéns e lojas de frutas e verduras.
Isto prova que a ocupação e o desenvolvimento do bairro, ao longo dos seus noventa e sete anos, fizeram com que ele fosse uma referência para a sua população, como se estivesse no centro do Recife.